
XVII
FCCEENF
(Fórum Científico e Cultural das(os) estudantes de Enfermagem)
15 e 16 de Setembro de 2017

tEMA 2017:
Enfermagem e a ressignificacao do trabalho em tempos temerosos
O tema "Enfermagem e a ressignificação do trabalho em tempos temerosos" foi trabalhado nessa arte com a ideia da própria ressignificação da Enfermagem, partindo do maior símbolo da profissão: a lamparina, que deixa de lado os traços refinados e modernos, e adere a um contorno feito de flores de fuxico.
O fuxico, que por sua vez, será a base da identidade visual de todo o evento, é uma das artes populares mais tradicionais do Brasil, existente a mais de 150 anos. Há análises que dizem que o fuxico surgiu nos tempos coloniais, no nordeste brasileiro, pela necessidade que as escravas tinham em reaproveitar os retalhos dos tecidos das Senhoras, já que na época, tecido era artefato de luxo. Essas escravas se reuniam à noite na Senzala, para fazer as trouxinhas, enquanto falavam das vestes das senhoras, elogiando ou debochando delas (daí o nome "Fuxico"). Em seguida guardavam num frasquinho e escondiam, até juntarem o bastante para transformar em cobertores, que vendiam secretamente, já que era proibida a prática do artesanato entre os escravos. O objetivo era juntar dinheiro para comprar a carta de alforria. Hoje em dia o fuxico é muito utilizado como terapia, uma arma contra o estresse, materializando assim a própria ideia de ressignificação do trabalho.
Dentro da lamparina, desde a base, passando pelo corpo e bico, e se projetando para fora, encontramos elementos que representam também esse conceito de ressignificação e contra hegemonia:
Na base temos a figura de um livro, de onde saem imagens abstratas, que lembram raízes, e acima está um coração, o que traz a velha ideia de fazer algo onde a base seja o amor e a empatia, como diz Carl Jung "Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana."
No corpo da lamparina temos imagens que representam o campo e crianças, retratando desde a vida na roça até a brincadeira de rua, respectivamente. Destaca a ressignificação do próprio conceito de saúde, desde a infância, até a vida adulta, que vai muito além do modelo biomédico e hospitalocêntrico.
Já saindo da lamparina vemos notas musicais, que também trazem uma forma diferente e muito mais prazerosa de se proporcionar e proteger a saúde: com música, com instrumentos musicais, valorizando sempre a cultura de um povo, sem invisibiliza-la, e sem impor outras culturas e costumes. Nesse sentido de respeito, conhecimento, troca, aprendizado e adequação da equipe de saúde, expressa-se representações negras e indígenas, mas também notamos a presença de símbolos referentes a população LGBT, que se trata também de uma população específica.
Também saindo da lamparina, além dos elementos já citados, encontramos um símbolo que representa a ciência e, não aleatoriamente, acima dele, uma muda de planta, que sutilmente representa prioridade aos conhecimentos populares, acima do universo de indústrias farmacêuticas e da ciência, por vezes, distante da realidade do povo. Dessa forma, em todo o corpo da lamparina encontramos elementos que representam a natureza, na ideia de resgate e fortalecimento da medicina tradicional e fitoterápica.
